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10 de agosto de 2011

REFLEXÃO: DIVERGIR SOBRE MARIA

No retiro, o pregador dizia que Jesus Cristo nos resgatou pelo martírio da cruz, da qual não fugiu, mas que poderia ter nos resgatado de outras formas. Foi crucificado, mas para nos salvar não teria que ser pela cruz. Se tivesse sido decapitado, talvez o símbolo de nossa redenção fosse um machado ou uma espada.  Isso, aquele aguerrido grupo de católicos aceitou. O que nos salvou não foram as duas barras de madeira e, sim o sangue derramado por amor a nós.

Mas, quando o pregador mostrando a grandeza do “sim” sofrido e consciente de Maria, afirmou que ela poderia ter dito não, e que Deus poderia ter chamado uma Rebeca ou uma Sara, porque Maria era livre, o grupo achou aquilo absurdo.

Que Jesus pudesse nos salvar de outra forma, sim, mas que Maria pudesse dizer não a Deus era inaceitável. Só que tem que Maria era livre e capaz de escolha. Negar que Maria fosse capaz de escolher seria negar-lhe a santidade e a cooperação com a graça. Foi isso que o filho dela, Jesus, acentuou quando, corrigiu com gentileza a mulher que elogiava Maria por tê-lo trazido à luz. Disse que melhor se diria que é bem aventurado quem ouviu e praticou a Palavra que ouviu. Estava elogiando sua mãe por ter agido com liberdade.

Maria não foi forçada nem condicionada pelo céu. Quis saber mais e, segundo narra Lucas, guardava no coração cada acontecimento vivido e presenciado. Era catequista, teóloga e pensadora. Quis entender.

Um excelente livro da União Marista do Brasil, da Editora Paulinas, de fácil leitura e aprendizado, mostra os diálogos dos católicos com outras igrejas a respeito da Maria. Teólogos e pensadores das mais diversas confissões cristãs refletiram juntos sobre o papel de Maria no cristianismo. As conclusões apontam para algumas sérias divergências, mas mostram também o crescimento do amor e do respeito pela mãe de Jesus que praticamente por todas as igrejas cristãs é vista como profetiza, primeira cristã, modelo de fidelidade à Palavra e ao mistério do Cristo.

Há, e por muito tempo haverá divergências, muitas delas sanáveis e outras por enquanto difíceis de sanar. Mas persistem os que não aceitam diálogo, os radicalmente exaltadores e os radicalmente excludentes em todas as igrejas.

Se bispos, padres e pastores são chamados de excelência, ou de reverendos, Maria merece títulos bem maiores. Mas os títulos não podem guindá-la para além do que era e é: mãe do Filho de Deus, mas humana, por Ele e em vista dele santificada.

Era livre? Era! Poderia ter dito não? Poderia! Aceitou, sabendo das conseqüências? Sim! Isto parecia claro desde as primeiras catequeses do cristianismo que nascia. Então, porque Maria volta à cena com maior intensidade? Porque os cristãos que buscam a verdade do Cristo para todos os tempos e templos não desejam cometer a injustiça de diminuí-la nem de superexaltá-la. Se ninguém de nós aceita ser diminuído nem superdimensionado, Maria também não!